Encasulamento, ninhos e tendências

Tendências comportamentais sempre se caracterizaram por ser uma importante variável em análises de marketing. Digo isso, porque em duas fontes completamente diferentes encontrei indícios de que as pessoas estão tendendo a se voltar para dentro de suas comunidades quando se trata de tempos conturbados.

Na revista Trip (nº 172), de novembro de 2008, uma reportagem constatou a força dos políticos representantes de comunidades:
“As eleições para a câmara municipal de São Paulo mostram que os candidatos que representam idéias novas [candidato do universo GLS, da juventude empresarial,do movimento estudantil brasileiro, representante do hip hop] não conseguiram ocupar o espaço dos políticos de bairro”.
Enquanto isso, o boletim da Roger and Peppers (http://www.1to1.com.br/) traz o artigo intitulado “Qual é o perfil do cliente ideal?”, no qual o professor da Harvard, John Quelch, diz:
“Quando tempos difíceis aproximam-se, tendemos a nos refugiar em nosso vilarejo.(...) Busque cenários aconchegantes do círculo familiar para propagandas,substituindo imagens de esportes radicais, de aventura ou que reforcem o individualismo”.
Toda essa história de vilarejos, doce seio do lar e etc, me fez lembrar a futuróloga Faith Popcorn e seu must dos anos 90, o “Relatório Popcorn(link para adquirir o livro no Submarino).

Ela trazia como uma das dez tendências para a década de 2000, o encasulamento, onde as pessoas viveriam cada vez mais dentro de seus lares e comunidades, realizando praticamente todas as suas tarefas pessoais e profissionais sem sair desse ambiente.

Inclusive suas previsões para 2010, apesar de ainda termos um ano pela frente, versavam sobre realidades radicalmente positivas ou, sua contrapartida, negativa. Nem um nem outro. Um pouco de tudo, sim.

Acredito que Popcorn exagerou um pouco. É claro que com a evolução da internet e seu poder de atender um consumidor exigente (24 h X 7 dias) e em qualquer lugar do globo, as pessoas podem ter cada vez mais produtos, serviços e entretenimento sem sair de suas casas. No entanto, as pessoas não deixarão de sair por maior que seja a escalada da violência e dos engarrafamentos.

Podemos interpretar o encasulamento como a tendência a realizar cada vez mais tarefas de dentro de nossos lares ou comunidades que antes seriam impossíveis sem que houvesse locomoção, ao mesmo tampo em que também não deixaremos de sair e realizar tarefas externas.

Na prática, e concluindo, a chave do sucesso está perceber quais (e como) atividades serão cada vez mais realizadas dentro de casa, e quais permanecerão sendo realizadas na rua (ou fora de nossos casulos/comunidades).

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