O mito do crescimento para a Micro e Pequena Empresa

Pensar como um grande, administrando como um pequeno!

Quando estava fazendo pesquisa de campo para a minha dissertação de Mestrado, conversei com diversos micros e pequenos empresários do pólo de confecções de lingerie de Nova Friburgo (RJ).

O tema da dissertação era a FEVEST (feira realizada pelo pólo para atrair compradores de todo o Brasil) e as empresas participantes.

Conversando com um dos empresários, fui surpreendido por sua opinião no mínimo contra-revolucionária de que as pequenas empresas não deveriam crescer, porém se manterem saudáveis pequenas.

Essa idéia pode ser considerada um contra-senso se comparada com o que muitas instituições de apoio a Micro e Pequenos Empresários pregam.

Por exemplo, Ricardo Jordão, em seu blog BIZREVOLUTION (www.bizrevolution.com.br), diz o seguinte:

“Todas as grandes empresas um dia foram pequenas. Até a Microsoft, Apple, IBM e Google já passaram por isso, e superaram todas as dores do crescimento e se estabeleceram como líderes de mercado que são”.
Realmente, todas as grandes um dia foram pequenas. Porém, isso não implica que todas as pequenas devam aspirar a se tornarem grandes. O Tendão de Aquiles dessa lógica está no fato de que, dependendo do ramo e do modelo de negócio, a pequena empresa jamais obterá a lucratividade e a saúde financeira necessárias para o crescimento e sua sobrevivência no mercado, por maior que seja o aporte de capital (financiamentos, etc).

O que estou querendo dizer é que, principalmente no caso de um pólo produtivo, se 5 % delas se tornarem grandes, a maioria das pequenas serão esmagadas. Além do que, o exercício de crescimento é – por si só – de natureza predatória. Muitas vão morrendo pelo caminho para que algumas atinjam a maioridade.

Para que possa crescer, a pequena empresa necessitará de capital. Dificilmente a quantia necessária poderá ser própria; então, recorre-se a empréstimos. A dificuldade passa a ser a obtenção de se estabelecer um equilíbrio satisfatório entre ter o montante necessário para movimentar o negócio (empréstimos) e a capacidade de lucratividade e de saldar todos os seus compromissos.

Muitas vezes, a lucratividade pode estar no detalhe. Ou então: a lucratividade pode estar em ser pequeno!

O que posso dizer: é claro que devemos sonhar em crescer inspirando-nos nos cases de sucesso de pequenas que se tornaram grandes. Mas o importante é ter cuidado com a medida verdadeira das coisas: ficar babando para uma Dell ou McDonalds da vida e esquecer que se você é pequeno, vai ter que “pensar como um grande, administrando como um pequeno”!

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